1999 foi o melhor ano para o cinema? Das décadas recentes, diz-se que sim. Se pegarmos apenas o cinema de Hollywood temos os cultuados Matrix, das Irmãs Wachowski, e eXistenZ de David Cronenberg, além de Clube da Luta, À Espera de um Milagre e Quero ser John Malkovich e o menino que via gente morta no filme de M. Night Shyamalan, O Sexto Sentido, que perdeu o Oscar para o excelente Beleza Americana. Não podemos esquecer também que é o ano do último filme do lendário Stanley Kubrick: De Olhos Bem Fechados.
Ao mesmo tempo, foi um ano forte no mundo todo com Tudo Sobre Minha Mãe, síntese e ápice do cinema de Pedro Almodóvar, O Vento nos Levará, do saudoso Abbas Kiarostami, e vários títulos da França, incluindo Bom Trabalho, de Claire Denis. Da China, vieram dois singelos, mas potentes filmes de Yimou Zhang: Nenhum a Menos e O Caminho Para Casa. No Brasil, após a ressaca causada no ano anterior por Central do Brasil, tivemos pouco destaque, mas vale mencionar O Auto da Compadecida, de Guel Arraes, e o sempre recomendável Eduardo Coutinho com Santo Forte.
Foi ano também que as mulheres exploraram a questão de gêneros: Kimberley Pierce em Meninos Não Choram, Lynne Ramsey com O Lixo e o Sonho e Sofia Coppola estreando com pé direito como diretora com as As Virgens Suicidas. Na lista de comédias, não podemos deixar de citar Topsy-Turvy: O Espetáculo, de Mike Leigh, a excelente comédia romântica Um Lugar Chamado Nothing Hill e a comédia de ação A Múmia. No terror, estreou A Bruxa de Blair, que popularizou (para o bem ou para o mal) o found footage.
Claro, a questão do que faz o melhor ano em filmes nunca terá uma resposta definida, e isso que é divertido. Será mesmo que 1999 é superior a 1939, com o O Mágico de Oz, E o Vento Levou, No Tempo das Diligências e A Regra do Jogo? Ou é melhor que 1968, com 2001: Uma Odisséia no Espaço, O Bebê de Rosemary, Bullitt e O Planeta dos Macacos? Ou que 2007 com Sangue Negro, Persépolis, Na Natureza Selvagem, Juno, Desejo e Reparação e Onde os Fracos Não Têm Vez? Pessoalmente, como mostrei nessa lista aqui, tenho um fraco por 1994.
Mas é inegável que na virada do milênio os cineastas estavam inspirados para criar, ainda que inconscientemente, um ano incrível de originalidade e criatividade. Dos 20 melhores filmes nas bilheterias em 1999, apenas quatro – Star Wars: Episódio I, Toy Story 2, Austin Powers: O Agente “Bond” de Cama e 007 – O Mundo não é o Bastante – eram parte de uma franquia. Dos 20 primeiros de 2018 tiveram apenas quatro que não foram remakes ou sequências. E um deles era Megatubarão. Entendam como quiser.
Para terminar, deixo meu Top 10 daquele ano, por ordem de prefrência:
- Tudo Sobre Minha Mãe (Pedro Almódovar)
- Clube da Luta (David Fincher)
- De Olhos Bem Fechados (Stanley Kubrick)
- Beleza Americana (Sam Mendes)
- Magnólia (Paul Thomas Anderson)
- Toy Story 2 (John Lasseter, Ash Brannon, Lee Unkrich)
- À Espera de um Milagre (Frank Daranbont)
- Poucas e Boas (Woody Allen)
- Nenhum a Menos (Yimou Zhang)
- O Caminho para Casa (Yimou Zhang)
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